Essa é a questão básica que alimenta toda a ciência e a tecnologia da eletricidade. Para discuti-la temos que reconhecer os diferentes tipos de materiais. Mas, são tantos os tipos de materiais na natureza, que para simplificar nossa abordagem didática temos que fazer algumas restrições. Começaremos restringindo o estado da matéria. Entre sólido, líquido e gasoso, vamos ficar com os matérias sólidos. Entre orgânicos e inorgânicos, vamos ficar com os materiais inorgânicos. Com isso serão excluídos os materiais biológicos. Entre os materiais sólidos conhecidos, condutores, isolantes, semicondutores e supercondutores, vamos ficar com os condutores e isolantes, ou dielétricos. Você vai perceber que essas duas denominações serão usadas aqui. Isolante é a mesma coisa que dielétrico, mas usaremos as duas palavras indistintamente para você se acostumar com elas.
A forma mais elementar de definirmos um material condutor, é dizer que ele tem facilidade de conduzir corrente elétrica. De modo análogo, dielétrico é um material que não conduz corrente elétrica.
Essas duas definições são simples demais, e não nos ajudam a entender os fenômenos mais elementares da eletrostática e da eletrodinâmica. Então, va- mos melhorar as definições.
Nessa estrutura do quartzo (SiO2),
que é um material isolante, os núcleos atô-
micos permanecem praticamente imóveis
nas posições indicadas para os átomos de
silício (Si) e oxigênio (O).
Em condições normais, os elétrons distribuem-se homogeneamente em torno de cada núcleo. Mas, se um campo elétrico for aplicado, a distribuição de elétrons fica distorcida. Como o quartzo é um dielétrico, essa distribuição distorcida fica localizada em alguns pontos na superfície e no interior do material. Como essas cargas estão localizadas, ou quase estáticas, diz-se que estamos em uma situação eletrostática. Se o quartzo fosse um material condutor, os elétrons se espalhariam por toda a superfície.
Portanto, no caso dos dielétricos, diz-se que as moléculas ficam polarizadas quando se aplica um campo elétrico. As cargas positivas ficam em um lado, e as negativas no lado oposto, em relação ao centro da molécula. É essa imagem de moléculas polarizadas que pode ser usada para explicar alguns fenômenos da eletrostática, discutidos ao final deste capítulo, e também no capítulo 3.
A situação é completamente diferente no caso dos materiais condutores. O que sabemos hoje sobre a condutividade elétrica em materiais metálicos, como ferro, níquel, entre outros, resulta de estudos realizados a partir do século 19. Como qualquer material, os condutores são constituídos de átomos, e estes são constituídos de prótons, nêutrons e elétrons. Prótons e elétrons têm cargas elétricas iguais em valor e de sinais contrários. O próton é positivo, e o elétron é negativo. Em condições normais, o número de prótons é igual ao de elétron em cada átomo. Portanto, em condições normais a matéria é eletricamente neutra.
Esses elétrons que têm liberdade se locomoverem para longe do núcleo são denominados elétrons livres. Há outra expressão referente a eles: mar de elétrons de Fermi. Enrico Fermi, físico italiano foi que desenvolveu esse modelo. Praticamente todos os fenômenos da eletrodinâmica estão relacionados com esse mar de elétrons.